Moedas

O que são moedas clad ou moedas revestidas

Moedas clad

Uma moeda clad (do inglês “cladding“, que significa “revestimento”) é uma peça de cunhagem que possui um núcleo interior feito de um metal ou liga revestido por uma ou mais camadas externas de outro metal ou liga, unidas por um processo de laminação sob alta pressão ou por outras técnicas.

Desde sua adoção inicial em diversos sistemas monetários na segunda metade do século XX, como nos Estados Unidos (a partir de 1964), as moedas clad têm substituído em muitos lugares as peças totalmente metálicas, sobretudo aquelas de metais nobres ou fabricadas com ligas mais caras.

Por meio dessa tecnologia, é possível produzir moedas de circulação normal com custos de fabricação reduzidos, mantendo ao mesmo tempo propriedades importantes das moedas como sua  resistência física, boa aparência, condutividade elétrica e compatibilidade com máquinas automáticas que aceitam moedas.

Como é fabricada uma moeda clad?

As moedas clad podem ser confeccionadas por meio de um processo de laminação em camadas (cladding), no qual dois ou mais metais diferentes são pressionados e unidos para formar uma espécie de “sanduíche” metálico. A camada exposta (externa) é chamada de “camada clad”, ou “lâmina”, e a interna, “núcleo” (core)

A camada externa também pode ser aplicada de outras maneiras, como por exemplo por processos eletrolíticos ou de deposição física especiais.

No geral, um núcleo interno — normalmente de um metal mais resistente ou de menor custo, como o cobre puro ou uma liga especial — é recoberto por chapas de metais mais nobres ou de aparência diferenciada, como por exemplo o cuproníquel (liga de cobre e níquel), ou até mesmo metais preciosos como a prata ou o ouro.

Essa técnica de fabricação permite reunir, em uma única peça, as vantagens de cada material: a resistência e custo reduzido do núcleo, juntamente da durabilidade, acabamento estético e, muitas vezes, as propriedades antimicrobianas do revestimento.

Moeda clad vista de perfil
Representação de uma moeda clad vista de perfil

Moeda bimetálica e moeda clad são a mesma coisa?

Não, elas não são exatamente a mesma coisa. Apesar de ambas serem fabricadas com mais de um tipo de metal, as moedas clad são diferentes das moedas bimetálicas, pois, enquanto em uma moeda clad os metais são posicionados em camadas, com um material revestindo outro material, nas moedas bimetálicas os materiais se encontram em posições distintas, sendo facilmente visíveis e identificáveis.

Geralmente as moedas bimetálicas são compostas por um núcleo central de um material, rodeada por um anel externo de outro material, com cor distinta, o que dá uma aparência característica à moeda. Nas moedas clad não existe essa diferença visual.

Além disso, enquanto nas moedas bimetálicas os metais constituintes têm volume significativo e são combinados no momento da cunhagem, nas moedas clad o revestimento é superficial, geralmente bem fino, com o núcleo predominando em peso e espessura. Portanto, embora compartilhem a ideia de usar múltiplos metais ou ligas metálicas, tratam-se de técnicas e acabamentos bem distintos.

Por que existem as moedas clad?

Um dos principais motivos para a adoção desse tipo de fabricação de moedas é o custo do metal em si, que em alguns casos e épocas ultrapassa o valor facial da moeda em si. Por exemplo, o custo de fabricar uma moeda de cobre de um centavo pode ser maior do que o valor de um centavo da moeda, o que pode causar problemas como as pessoas removerem a moeda de circulação e derretê-las para revender o metal.

Outro motivo para o emprego de moedas revestidas é a redução do consumo de metais nobres, porém sem comprometer a aparência nem a funcionalidade: as faces da moeda mantêm assim o brilho e a resistência aos arranhões, enquanto o miolo interno garante maior resistência mecânica e um perfil eletromagnético definida, que é muito importante para a detecção das moedas em máquinas de autoatendimento, como máquinas de café, por exemplo.

Além disso, a construção em camadas laminadas dificulta falsificações, já que extrair ou reproduzir o núcleo distinto de forma convincente exige processos industriais complexos e de alto custo.

Por conta desses benefícios é que, hoje, muitas das moedas de circulação adotam o sistema em camadas.

Exemplos de moedas clad

As moedas clad são bastante usadas na atualidade em países como os Estados Unidos (ex.: quarters e dimes), no Reino Unido (moedas de 10, 20 e 50 pence) e no Brasil, com as moedas de 1, 5, 10, e 25 centavos da segunda família do Real (tecnicamente, são de aço banhado em cobre ou bronze).

As imagens a seguir mostram alguns exemplos de moedas clad, com suas respectivas composições:

10 cents de dólar americano (1 dime)
10 cents de dólar americano (1 dime): Cobre revestido de cuproníquel, contendo 91.67% de cobre e 8.33% de níquel.

 

1 dólar dos EUA "Native American Dollar" (Sacagawea)
1 dólar dos EUA “Native American Dollar”: Cobre revestido de bronze de manganês, 88,5% de cobre, 6% de zinco, 3,5% de manganês e 2% de níquel.

 

Moeda de 2 pfennigs da Alemanha
2 pfennigs da Alemanha: ferro revestido de cobre, com 90% Fe, e 10% Cu.

 

100 Yen do Japão, comemorativa dos Jogos Olímpicos de Tóquio
100 Yen do Japão, comemorativa das Olimpíadas de Tóquio. Cobre revestido de cuproníquel, com 87,5% de Cu e 12,5% de Ni.

 

Ilhas Turks & Caicos, 25 Coroas comemorativa
Ilhas Turks & Caicos, 25 Coroas comemorativa: cobre revestido de ouro e prata (ouro 14kt no reverso, e prata .999 no anverso).

Referências

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