Ouro Nórdico

Muitas ligas metálicas são empregadas na fabricação de moedas e medalhas na atualidade, cada uma com suas características, vantagens e desvantagens. Uma delas, relativamente recente, é o Ouro Nórdico, nome dado a uma liga metálica composta por cobre (89%), alumínio (5%), zinco (5%) e estanho (1%). Apesar do nome, essa liga não contém absolutamente nenhum ouro em sua composição. A designação é simplesmente estética, pois a liga possui uma cor dourada suave e uniforme, bem parecida com a cor do ouro verdadeiro.

Essa liga foi desenvolvida para uso em moedas, principalmente por ter baixo custo e uma boa resistência à corrosão e durabilidade, além de apresentar propriedades antimicrobianas. Foi, por exemplo, adotada oficialmente na União Europeia para a fabricação das moedas de 10, 20 e 50 centavos de euro, desde o lançamento da moeda única, em 2002.

O Ouro Nórdico tem a vantagem adicional de ser hipoalergênico (muito pouco alérgico) e facilmente identificável por máquinas, o que o torna um material excelente para uso na cunhagem de moedas de circulação geral. Por conta de sua resistência e coloração bem dourada, também tem sido utilizado em moedas comemorativas de diversos países.

Quem criou o ouro nórdico?

A liga foi desenvolvida por Mariann Sundberg, uma engenheira metalúrgica finlandesa, durante seu trabalho na empresa Outokumpu Oyj, uma empresa de metalurgia da Finlândia, nos anos 1980.

O objetivo era criar uma liga metálica com aparência semelhante ao ouro, mas com baixo custo, alta resistência ao desgaste e boa condutividade térmica, adequada para uso na fabricação de moedas modernas. A primeira moeda fabricada com a liga de ouro nórdico foi uma moeda de 10 coroas suecas de 1991, mostrada na imagem a seguir.

Vantagens do Ouro Nórdico

O uso do ouro nórdico traz diversas vantagens, sendo as principais as seguintes:

• Custo reduzido
  A liga é composta em grande parte de cobre, com a adição de metais bastante comuns como o alumínio, zinco e estanho. Isso a torna muito mais barata do que metais nobres, como o ouro ou a prata, para cunhagem de moedas comemorativas, e até mesmo do que ligas baseadas em níquel, para moedas circulantes.
• Aparência estética atrativa
  Apesar de não conter ouro real, a liga tem uma coloração dourada uniforme e agradável, o que confere uma aparência muito bonita às moedas.
• Resistência à corrosão e desgaste
  O ouro nórdico também é bastante resistente ao uso contínuo e exposição às condições ambientais, o que aumenta a durabilidade das moedas em circulação.
• Compatibilidade com máquinas
  Possui propriedades eletromagnéticas estáveis e bem definidas, o que facilita a leitura por máquinas automáticas, como bilheteiras e caixas eletrônicos.
• Hipoalergênico
  Diferente de ligas que contêm níquel, o Ouro Nórdico apresenta baixa probabilidade de causar reações alérgicas ao contato com a pele, podendo ser manuseado com tranquilidade. Pode até mesmo ser usado na fabricação de bijuterias por conta dessa propriedade.
• Propriedades antimicrobianas e antimicóticas
  Como toda liga à base de cobre, também apresenta ação natural contra bactérias e fungos, o que é uma característica muito positiva para objetos que são manuseados constantemente, e passados entre as pessoas.

Desvantagens do Ouro Nórdico

Claro que existem algumas desvantagens em usar essa liga, como as seguintes:

• Nome potencialmente confuso
  O termo “Ouro Nórdico” pode induzir o público leigo a acreditar que há ouro verdadeiro na composição, o que não é o caso. Muitos numismatas profissionais criticam o uso desse nome, pois comerciantes inescrupulosos podem induzir compradores incautos a adquirir moedas dessa liga pensando tratar-se de ouro, pagando muito mais do que elas valem.
• Suscetibilidade à oxidação superficial
  Apesar de ser resistente à corrosão estrutural, pode apresentar escurecimento superficial com o tempo, especialmente em ambientes úmidos ou com exposição ao suor.
• Baixo valor intrínseco
  Por ser uma liga barata e comum, não possui valor comercial significativo como metal, o que pode desinteressar colecionadores que buscam metais preciosos. Seu valor está na beleza estética, e moedas de ouro nórdico são valorizadas geralmente quando são raras e escassas, não por conta do material em si.
• Dificuldade de reaproveitamento seletivo
  Como é uma liga complexa, sua separação e reciclagem para outros fins industriais pode ser mais trabalhosa em comparação com metais puros ou ligas mais simples, como o bronze comum ou o latão.

O ouro nórdico causa alergias?

O Ouro Nórdico é considerado um material hipoalergênico principalmente por não conter níquel, um metal que é frequentemente associado a reações alérgicas de contato, como dermatites e irritações cutâneas. A maioria das alergias a metais está relacionada justamente à presença do níquel em ligas metálicas usadas em moedas, bijuterias, botões e relógios.

Como vimos acima, o Ouro Nórdico (Cu₈₉Al₅Zn₅Sn) é composto por:

• 89% cobre
• 5% alumínio
• 5% zinco
• 1% estanho

Essa combinação confere uma boa resistência à corrosão e ao desgaste sem a necessidade de recorrer ao uso de metais alergênicos. Além disso, a estrutura química da liga também impede que ocorra a liberação de partículas metálicas irritantes durante o manuseio, mesmo em contato prolongado com a pele.

Portanto, o Ouro Nórdico se mostra uma alternativa segura para uso em moedas de circulação, reduzindo o risco de reações alérgicas nas pessoas – o que é importante em locais onde as moedas passam por muitas mãos e são manuseadas com bastante frequência.

E porque o ouro nórdico é antimicrobiano?

O Ouro Nórdico possui propriedades antimicrobianas devido à alta concentração de cobre, que representa cerca de 89% da composição da liga. O cobre é um metal conhecido pela capacidade natural de inibir o crescimento de micro-organismos como bactérias, fungos e vírus — um fenômeno chamado de ação oligodinâmica.

Essa ação ocorre por alguns mecanismos principais:

• Liberação de íons de cobre (Cu²⁺)
  Quando em contato com a umidade (por exemplo o suor ou o ambiente), superfícies contendo cobre liberam íons que penetram na membrana celular de micro-organismos, interrompendo funções vitais e levando à morte celular.
• Dano ao DNA e às enzimas
  Os íons de cobre também podem interferir no material genético das bactérias e desativar enzimas essenciais, impedindo sua reprodução.
• Geração de radicais livres
  O cobre pode catalisar reações que produzem as chamadas espécies reativas de oxigênio, prejudicando as células microbianas de forma oxidativa, o que também as leva à morte.

No caso do Ouro Nórdico, embora a liga também contenha outros metais como alumínio, zinco e estanho, o alto teor de cobre é o fator principal que confere essa capacidade antimicrobiana.

Esse é outro motivo pelo qual a liga foi adotada para moedas de circulação diária — seu uso constante pelas mãos humanas torna desejável uma superfície de contato que iniba a proliferação de micro-organismos patogênicos (ou seja, que causam doenças).

Conclusão

O ouro nórdico é uma ótima opção para a cunhagem de moedas, por suas qualidades visuais, resistência à corrosão e propriedades antibacterianas e antifúngicas. Algumas moedas são fabricadas com esse material, e ele pode encontrar uso em outras áreas, como na fabricação de joias e bijuterias, por exemplo.

A principal crítica que se faz à essa liga é justamente seu nome, que em alguns casos pode ser enganador, levando pessoas leigas a acreditarem que estão manipulando ou negociando ouro real, quando na verdade a liga não possui absolutamente nenhum ouro – é uma liga baseada em cobre.