O que é um Numismata?
O que é um Numismata?
Um dia desses eu estava ministrando uma palestra sobre um assunto relacionado à Tecnologia, que é minha profissão primária, e na abertura da apresentação mostro um slide com um mini currículo meu. Nesse slide, além da minha formação acadêmica e das minhas credenciais, também cito meus hobbies e ocupações extraprofissionais. E uma delas é a numismática – me intitulo numismata na apresentação.
Para minha surpresa, diversas pessoas levantaram a mão para me fazer uma pergunta – e a pergunta era a mesma para todas: “O que é um Numismata?“. Para responder a essa pergunta de forma geral, resolvi escrever esse artigo sucinto.
De modo geral, um Numismata é uma pessoa que pratica a Numismática, ou seja, um estudioso ou pesquisador das moedas e outros objetos monetiformes (como cédulas, medalhas e fichas*), empregados como meio de pagamento ao longo da História. Colecionadores que se interessam pela história das moedas, meios de troca e dos sistemas de pagamento também são considerados numismatas, assim como comerciantes e outros profissionais que se aprofundam no estudo do assunto.
* Colecionadores de cédulas são conhecidos tecnicamente como notafilistas, e a coleção e estudo de itens como fichas e jetons é chamada de Exonumia.
Mas o que é a Numismática?
A numismática é o estudo e a coleção de moedas, medalhas, cédulas e outros objetos monetários, abrangendo aspectos históricos, artísticos, econômicos e culturais.
Um especialista em numismática é chamado de Numismata, o que inclui colecionadores de moedas (mas não simplesmente acumuladores) e estudantes do assunto (que não necessariamente precisam ser colecionadores).
A palavra Numismática vem, em última instância, do grego νόμισμα (“nomisma”), que significa basicamente “moeda corrente”.
O que um numismata faz?
Um numismata analisa e interpreta os aspectos históricos, artísticos, metalúrgicos e culturais desses objetos, independente de colecioná-los ou não. Ele identifica períodos de emissão, variantes, tiragens, erros de cunhagem, autenticidade e valor de mercado, além de poder contribuir com publicações, avaliações e curadorias em museus ou leilões.
E, claro, um numismata também pode colecionar moedas (e geralmente o faz).

Colecionador de Moedas e Numismata são a mesma coisa?
Embora “numismata” e “colecionador de moedas” pareçam significar a mesma coisa, na verdade não são necessariamente sinônimos. Todo numismata pode ser um colecionador, mas nem todo colecionador é, necessariamente, um numismata. O colecionador reúne peças por gosto ou interesse, enquanto o numismata se aprofunda no estudo técnico e histórico desses objetos.
Se o colecionador também estuda as peças que coleciona, mesmo que de forma amadora, então também pode ser considerado um numismata.
Alguns numismatas famosos
Muitos numismatas se tornaram famosos ao longo da história, por seus trabalhos e sua contribuição não somente à numismática em si, mas também a outras ciências associadas, com a História, Arqueologia e Metalurgia, ou ainda pelas coleções que constituíram, e que muitas vezes acabaram em museus para exibição pública.
Uma pequena amostra inclui os seguintes numismatas:
Bernardo Ramos (1858–1931)
Intelectual, arqueólogo e linguista brasileiro, atuante sobretudo no Amazonas. Ficou conhecido por suas pesquisas em arqueologia amazônica e também por seu interesse por objetos antigos, incluindo moedas.
Foi também fundador do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas.
Publicou obras relevantes sobre inscrições rupestres e relíquias indígenas, integrando também estudos numismáticos em seu acervo e produção.
Em sua homenagem foi batizado o Museu de Numismática Bernardo Ramos, localizado no centro de Manaus.

Hans Sloane (1660–1753)
Médico, naturalista e colecionador irlandês, sua coleção foi a origem do Museu Britânico, em Londres.
Sua enorme coleção incluía moedas, medalhas e cédulas de diversas partes do mundo. Após sua morte, seu acervo foi doado ao Reino Unido e tornou-se a base do museu.
Sloane não era numismata no sentido estrito, mas sua coleção teve grande impacto na preservação e estudo da numismática no século XVIII.
Joseph Hilarius Eckhel (1737–1798)
Considerado um dos pais da numismática científica, foi um jesuíta e professor austríaco. Seu trabalho mais influente foi a obra Doctrina Numorum Veterum, publicada em oito volumes, que estabeleceu bases metodológicas sólidas para a classificação e interpretação de moedas antigas, sobretudo gregas e romanas.
Sua influência foi muito importante na consolidação da numismática como disciplina acadêmica.
Julius Meili (1839–1907)
Historiador e numismata suíço, radicado no Brasil. Escreveu uma das primeiras obras sistemáticas sobre a história da moeda brasileira: O meio circulante no Brasil, publicada em 1897, em três volumes. Seu trabalho permanece como referência clássica para estudiosos da numária brasileira colonial e imperial. Meili é considerado o pai da numismática no Brasil.
Kurt Prober (1909–2008)
Importante numismata e pesquisador da história monetária do Brasil. Foi autor de obras fundamentais, como o Manual de Numismática e o Catálogo de Moedas Brasileiras. Seu trabalho é bastante respeitado por colecionadores e estudiosos por sua profundidade e precisão técnica, sendo o numismata brasileiro mais prolífico.
Também foi ativo como leiloeiro e consultor numismático, e fundou a Associação Brasileira de Numismática, no RIo de Janeiro, deixando uma vasta contribuição à numismática brasileira.
Petrarca (Francesco Petrarca, 1304–1374)
Humanista e poeta italiano do Renascimento, é muitas vezes lembrado por seu papel no resgate da cultura clássica.
É considerado o primeiro e mais famoso aficionado por numismática. Descreveu visitas a Roma e pedia aos camponeses que lhe trouxessem moedas antigas que encontravam no solo, as quais ele comprava, e escreveu sobre sua alegria em conseguir identificar os nomes e as características dos imperadores romanos nessas moedas.
Teixeira de Aragão (António da Costa Teixeira de Aragão, 1823–1903)
Médico, historiador, arqueólogo e um dos maiores numismatas portugueses do século XIX, sendo considerado um dos pais da Numismática Portuguesa.
Foi diretor da Casa da Moeda de Lisboa e autor de obras essenciais como Descrição Geral e Histórica das Moedas Cunhadas em Nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal, em três volumes.
Seu trabalho é notável pela abrangência e rigor na catalogação das moedas portuguesas desde a Idade Média até o século XIX.

Além desses numismatas, dezenas de outros se destacaram ao longo do tempo por suas contribuições. Vamos estudar suas biografias e trabalho em diversos artigos aqui no blog.
Como se tornar um numismata?
Para se tornar um numismata, é possível começar com o estudo autodidata por meio de livros, catálogos, artigos especializados em revistas e blogs (como este que você está lendo!), e a participação em fóruns e clubes.
Frequentar feiras especializadas e de antiguidades, manter contato com outros colecionadores e, eventualmente, especializar-se em um período, país ou tema pode aprofundar o conhecimento. Além disso, associar-se a sociedades numismáticas, como a SNB (Sociedade Numismática Brasileira) permite conhecer outros numismatas experientes e trocar informações valiosas sobre a área de estudo.
A prática de catalogar as próprias peças com atenção a detalhes técnicos e históricos é parte essencial da formação numismática.
Conclusão
Um numismata é uma pessoa que se dedica ao estudo das moedas, cédulas, medalhas e itens afins, de forma profissional ou amadora, ou ainda como hobby, muitas vezes sendo também um colecionador. É possível ser um colecionador sem ser numismata, e também ser um numismata ser colecionar as peças estudadas, mas é muito comum que o estudioso também as colecione.
No Brasil, é comemorado em 1º de Dezembro o Dia do Numismata.
E você, é um numismata? Coleciona moedas, cédulas ou outros itens similares? Deixe um comentário na seção logo abaixo!