Pequeno Dicionário de Numismática
Dicionário de Numismática
A numismática tem sua própria linguagem, repleta de termos técnicos que ajudam a descrever cada detalhe de uma moeda ou medalha, e que a princípio pode parecer um pouco assustadora, devido à grande quantidade de jargão e palavras especializadas. Para facilitar o entendimento dos termos técnicos numismáticos empregados por comerciantes, colecionadores e estudiosos, trago a seguir uma explicação sucinta dos principais vocábulos usados na área, em uma espécie de mini glossário numismático.
Pequeno Glossário de Numismática
Aes Grave
Tipo de moeda de bronze fundido utilizado na Roma Antiga entre os séculos IV e III a.C. Era caracterizado por seu grande peso e espessura, sendo uma das primeiras tentativas dos romanos de padronizar um sistema monetário metálico.
Diferente das moedas cunhadas, o Aes Grave era moldado e possuía figuras simbólicas, como animais e divindades, representando valores fracionários dentro do sistema de troca. A palavra “aes” pode ser traduzida como cobre ou bronze, a partir do Latim.
Aes Rude
Antes da introdução do Aes Grave, os romanos usavam o Aes Rude, que consistia em pedaços irregulares de bronze, sem marcações ou símbolos, usados como forma primitiva de dinheiro.
Esses fragmentos de metal serviam como um meio de troca baseado no peso e foram uma das primeiras tentativas de criar uma economia monetária antes da padronização das moedas.
Aes Signatum
O Aes Signatum foi um estágio intermediário entre o Aes Rude e as moedas propriamente ditas. Tratava-se de barras de bronze retangulares, fundidas com símbolos e imagens para garantir autenticidade e valor fixo.
Usado principalmente no centro da Itália entre os séculos V e III a.C., o Aes Signatum foi um precursor das moedas cunhadas e ajudou a consolidar o sistema monetário romano.

By LmK – Own work, CC BY 3.0
Alto Relevo
Quando os elementos gravados em uma moeda ou medalha são mais salientes do que o normal (mais altos), dizemos que ela possui alto relevo. Esse tipo de cunhagem dá um aspecto tridimensional mais acentuado à peça, tornando os detalhes visuais mais expressivos.
No entanto, moedas com alto relevo tendem a sofrer mais desgaste com o tempo, pois as áreas elevadas são as primeiras a perder definição com o manuseio frequente.
Anverso
O anverso é o lado principal de uma moeda, geralmente onde se encontra a figura central mais representativa, como o retrato de um governante, o brasão de um país ou um símbolo nacional. Em moedas contemporâneas, é comum que esse lado traga a efígie de uma autoridade, algum design oficial da nação emissora ou ainda imagens que comemoram algum personagem ou acontecimento importante.

Também chamado de “cara” da moeda.
Aureus
O Aureus foi uma moeda de ouro do Império Romano, cunhada pela primeira vez no século I a.C. e utilizada até o século IV d.C., quando foi substituída pelo Solidus.
Era uma moeda de alto valor, inicialmente equivalente a 25 denários de prata, e era frequentemente usada para pagamentos de soldados, transações comerciais importantes e como símbolo de prestígio imperial. Seu peso variava entre 7 e 8 gramas de ouro puro.
Autenticação
Processo pelo qual especialistas verificam a legitimidade, composição metálica e estado de conservação de uma moeda, garantindo que não se trata de uma falsificação. Casas de certificação como a NGC (Numismatic Guaranty Company) e a PCGS (Professional Coin Grading Service) encapsulam moedas em suportes plásticos lacrados e atribuem notas baseadas na Escala Sheldon (1 a 70).

A autenticação aumenta o valor e a confiança no mercado numismático.
Baixo Relevo
O baixo relevo é o oposto do alto relevo. Aqui, as gravuras e inscrições da moeda são feitas com um relevo mais sutil, tornando a superfície da moeda mais uniforme e menos propensa ao desgaste. Esse tipo de design é comum em moedas de circulação, pois melhora a durabilidade e facilita a produção em larga escala.
BC (Bem Conservada)
Classificação de moeda bastante circulada, com desgaste acentuado nos relevos, podendo apresentar arranhões e marcas de manuseio intenso. Ainda é possível identificar as principais inscrições e detalhes do design.
Billon
Ou Bilhão, é uma liga metálica composta por prata e cobre, onde a quantidade de prata é reduzida, geralmente ficando abaixo de 50%. Essa mistura foi muito usada ao longo da história para cunhar moedas e medalhas em períodos de escassez de prata e em épocas de desvalorização monetária, permitindo que os governos economizassem metais preciosos sem eliminar totalmente a presença da prata na composição das moedas. Em casos raros, a liga billon pode ser feita com ouro em vez da prata.
Esse tipo de moeda era comum na Antiguidade, Idade Média e no início da Era Moderna, sendo usadas por impérios como o Romano, Bizantino e os reinos europeus medievais. Devido ao baixo teor de prata, essas moedas tinham um brilho metálico menos intenso e muitas vezes apresentavam rápida oxidação e escurecimento, adquirindo um aspecto desgastado ao longo do tempo.

A palavra billon vem do francês, derivado do latim bille, que significa “lingote”.
Não confundir com Bullion.
Blank
Blank é um disco metálico liso, sem qualquer gravação, que ainda não foi cunhado. Ele será transformado em moeda após passar pelo processo de cunhagem, quando os cunhos pressionam o metal para marcar os desenhos e inscrições da peça.
Dependendo do estágio do processo, um blank pode ser chamado também de planchet.
BNC (Brilhante Não Circulado)
Brilhante não circulado (BNC), d0 inglês “Brilliant Uncirculated” (BU), se refere a uma classificação numismática usada para descrever moedas que nunca entraram em circulação e mantêm seu brilho original de cunhagem, mas sem o refinamento adicional das moedas proof. Essas moedas são produzidas em grande escala para serem lançadas no mercado, mas com um cuidado especial para evitar desgastes e imperfeições comuns nas moedas que circulam no dia a dia.
Apesar de serem cunhadas com cunhos novos e apresentarem uma aparência mais nítida e brilhante do que as moedas comuns, as BNC podem conter pequenas marcas de contato, já que normalmente são armazenadas e transportadas sem o mesmo rigor das versões proof.
Borda
A borda é a extremidade da moeda, ou seja, sua parte lateral. Ela pode ser simples (Lisa), arredondada, denteada, com legenda em relevo ou incusa, com padrões, espinha de peixe, serrilha reta ou inclinada, ranhurada, carimbada, decorada com inscrições ou até mesmo com desenhos, entre outras. Algumas moedas utilizam bordas com marcas especiais para dificultar falsificações e evitar o desbaste de metal precioso, uma prática comum nos tempos antigos para adulterar o peso da moeda.
Borda Fresada
A borda de uma moeda com linhas ranhuradas ao redor do perímetro. Também conhecida como Borda Reeded.
Bronze
Liga metálica composta principalmente de cobre e estanho, podendo conter pequenas quantidades de outros metais. Desde a Antiguidade, o bronze foi amplamente utilizado na cunhagem de moedas devido à sua durabilidade, resistência à corrosão e facilidade de fundição.
Muitas moedas de circulação do século XX, como os centavos americanos e algumas emissões brasileiras, usaram ligas de bronze ou bronze-alumínio.

Bullion
O termo que se refere a moedas, barras ou lingotes de metais preciosos, como ouro, prata e platina, que são produzidos com grau muito alto de pureza e utilizados principalmente como reserva de valor e investimento.
Diferente das moedas de circulação comum, as moedas bullion são cunhadas para investidores e colecionadores, tendo seu valor baseado no peso do metal precioso, e não no valor nominal impresso na peça. Exemplos famosos incluem as moedas Krugerrand (África do Sul), American Eagle (EUA) e Panda (China).

Não confundir com Billon.
Busto
Representação da cabeça ou parte superior do tronco de uma figura, geralmente um governante, imperador ou personagem histórico, presente no anverso da moeda.
A tradição de usar bustos começou na Antiguidade, especialmente no Império Romano, e continua até hoje em muitas moedas nacionais, como as que apresentam a efígie de monarcas britânicos.
Cameo
O efeito cameo refere-se a uma técnica de acabamento em que a figura em relevo da moeda apresenta um tom mais fosco, enquanto o fundo possui um brilho intenso e espelhado. Esse contraste é característico das moedas proof, especialmente aquelas produzidas para colecionadores, e confere um visual sofisticado à peça.
Campo
O campo de uma moeda é a área lisa ao redor dos elementos gravados, ou seja, a parte do metal que não contém relevos significativos, desenhos ou inscrições. Em moedas bem preservadas, o campo costuma ser brilhante e sem arranhões, sendo um dos pontos de análise na classificação de conservação numismática.
Cápsula
Invólucro de proteção transparente, geralmente feita de acrílico ou policarbonato, utilizada para armazenar e preservar moedas, medalhas e cédulas. Essas cápsulas evitam o contato direto com o ar, poeira, umidade e possíveis riscos causados pelo manuseio.
São bastante usadas por colecionadores para manter o estado de conservação de peças raras e valiosas.

Carimbo
O carimbo em moedas é uma marca adicional aplicada após a cunhagem original, geralmente para indicar revalidação, mudança de valor ou nova autoridade monetária.
Muitas moedas antigas e coloniais receberam carimbos quando um novo governo assumia o controle ou quando havia necessidade de revalorizar moedas estrangeiras para uso local. Exemplo clássico são os carimbos que eram aplicados sobre moedas de cobre durante o Brasil Colônia.
Casa da Moeda
Instituição responsável pela fabricação de moedas e cédulas de um país, garantindo a produção segura e padronizada do dinheiro em circulação. Além de moedas de uso corrente, muitas Casas da Moeda também produzem moedas comemorativas, medalhas, passaportes e outros documentos de segurança, como selos e certificados oficiais.
No Brasil, a Casa da Moeda do Brasil (CMB) foi fundada em 08 de Março de 1694, sendo uma das mais antigas das Américas e responsável pela cunhagem do real até os dias atuais.
Em alguns países, há múltiplas Casas da Moeda operando simultaneamente, como nos Estados Unidos, que possuem diferentes filiais marcadas por siglas como P (Filadélfia), D (Denver) e S (San Francisco). Essas marcas ajudam a identificar onde determinada moeda foi cunhada, tornando-se um detalhe importante na numismática.
Circulated (Circulada)
O termo Circulated (Circulada) refere-se a moedas que já foram usadas como meio de pagamento e passaram por circulação no dia a dia. Essas moedas apresentam sinais de desgaste devido ao manuseio, como riscos, perda de brilho, pequenas amassaduras e desgaste nos relevos, dependendo do tempo e da intensidade de uso.
Quanto mais tempo uma moeda circula, mais evidentes são os efeitos do uso. Por isso, na numismática, moedas circuladas são classificadas em diferentes graus de conservação, desde pouco desgastadas (Very Fine – VF, Extremely Fine – EF) até bastante gastas (Good – G, Fair – F, Poor – P).
Embora moedas circuladas geralmente tenham menor valor numismático do que exemplares Brilhantes Não Circulados (BNC) ou Proof, algumas ainda podem ser muito valiosas, por exemplo se forem raras ou tiverem erros de cunhagem.
Clad
O termo clad refere-se a moedas feitas com um núcleo de metal revestido por camadas externas de outro metal, formando uma estrutura laminada. Esse processo, amplamente adotado no século XX, foi uma alternativa econômica à cunhagem de moedas de metais puros.
Um exemplo clássico são as moedas de meio dólar dos EUA pós-1965, que possuem um núcleo de cobre recoberto por uma liga de cobre e níquel (cuproníquel), mantendo a aparência prateada sem o uso de prata maciça.

Classificação
A classificação de moedas é um sistema usado na numismática para determinar o estado de conservação de uma peça, com base no desgaste sofrido ao longo do tempo. Quanto melhor preservada a moeda, maior seu valor para colecionadores.
No Brasil, as classificações mais comuns seguem uma escala tradicional que vai do estado mais gasto ao mais preservado, sendo os principais termos BC, MBC, SOB, FDC ou FC e BNC, entre outros (ver os respectivos verbetes).
Coin Holder
Qualquer tipo de suporte ou embalagem projetada para armazenar e proteger moedas. Existem vários tipos de coin holders, incluindo cápsulas de acrílico, flips de plástico, envelopes de papel com visor e páginas para álbuns especializados.
Esses suportes são muito importantes para preservar a integridade das moedas, evitando riscos, oxidação e desgaste devido ao manuseio e interação com gases na atmosfera.
Composição
A composição de uma moeda indica a mistura de metais utilizada em sua fabricação. Dependendo da época e do propósito, as moedas podem ser feitas de metais preciosos, como ouro e prata, ou de ligas metálicas, como cuproníquel (cobre e níquel), bronze-alumínio e aço inoxidável.
A composição afeta o valor, a durabilidade e a aparência da moeda, sendo um fator importante na numismática. Em moedas antigas, a composição também pode indicar períodos de crise econômica, como a redução do teor de prata no denário romano ao longo dos séculos.

Conto de Réis
O Conto de Réis foi uma unidade monetária utilizada no Brasil até a adoção do Cruzeiro em 1942. Representava um valor de 1.000.000 de réis, ou 1000 “mil-réis”, sendo amplamente utilizado em documentos oficiais, contratos e transações de grande porte.
Como o réis era uma unidade pequena, valores expressivos, como preços de imóveis e gastos do governo, eram frequentemente mencionados em contos de réis.
Até hoje muitas pessoas usam a expressão “conto”, no coloquial, para se referirem a valores equivalentes a milhares de reais, como por exemplo “três contos” = R$ 3.000,00
Contramarca
A contramarca é um tipo específico de carimbo aplicado a uma moeda já existente para indicar uma alteração oficial de seu valor, circulação em outro território ou garantia de autenticidade.
Diferente de falsificações ou marcas feitas por colecionadores, a contramarca tem caráter oficial e foi amplamente usada durante períodos de crise econômica ou ocupação militar.
Cunhagem
Processo de fabricação de uma moeda, no qual um disco de metal (blank ou planchet) é pressionado entre dois cunhos metálicos para receber a imagem do anverso e do reverso. Esse processo pode ser feito manualmente (como nas antigas moedas romanas e gregas) ou por máquinas industriais de alta precisão, como nas casas da moeda modernas.
Cunho
O cunho é a matriz metálica utilizada para pressionar o desenho sobre o disco de metal (flan) e transformar uma peça em moeda. Em um processo de cunhagem, dois cunhos são usados – um para o anverso e outro para o reverso.
O estado de desgaste do cunho pode influenciar a nitidez dos detalhes da moeda.

Cuproníquel
O cuproníquel é uma liga metálica composta por cobre e níquel, com pequenas variações na proporção de cada elemento dependendo do país e do período de cunhagem, geralmente possuindo até cerca de 30% de níquel.
Essa liga é muito usada na fabricação de moedas de circulação, pois combina resistência à corrosão, durabilidade e um tom prateado semelhante ao da prata. Além disso, por ser um material mais barato do que os metais preciosos, o cuproníquel substituiu a prata em diversas emissões de moedas modernas.
Curso Legal
Uma moeda com curso legal é aquela que foi oficialmente emitida por uma autoridade monetária e pode ser usada como meio de pagamento dentro do país emissor.
No entanto, algumas moedas, como as moedas comemorativas em ouro e prata, embora tenham curso legal, raramente são usadas em transações comerciais, pois seu valor numismático ou metálico supera seu valor nominal.
Denário
O denário foi a principal moeda de prata do Império Romano, introduzida por volta de 211 a.C. e amplamente utilizada até o século III d.C. Inicialmente, era uma moeda de prata quase pura, mas com o tempo sua composição foi sendo degradada devido a crises econômicas.
O denário foi a base de muitas moedas posteriores e influenciou o nome de unidades monetárias modernas, como o dinar, e até mesmo a palavra “dinheiro”.

Denominação
Denominação de uma moeda é o valor numérico oficial que ela representa dentro do sistema monetário de um país. Por exemplo, no Brasil, temos denominações como 1 centavo, 5 centavos, 1 real, etc.
O valor de uma moeda nem sempre corresponde ao seu valor real no mercado numismático, pois raridade, metal e conservação podem aumentar significativamente seu preço entre colecionadores.
Diâmetro
O diâmetro de uma moeda é a medida de sua largura, geralmente expressa em milímetros. Essa característica é um dos elementos técnicos que definem uma moeda, ajudando a diferenciá-la de outras emissões. O diâmetro pode influenciar a facilidade de manuseio e o design, sendo que quanto maior o diâmetro mais detalhes podem ser cunhados na superfície da moeda.
Dobrão
Moeda de ouro de alto valor cunhada na Espanha e nas colônias espanholas a partir do século XVII. Seu nome deriva do fato de valer o dobro do escudo de ouro.
Extremamente valiosos, os dobrões eram usados em grandes transações comerciais e frequentemente aparecem em histórias de piratas, tesouros e naufrágios.
Dólar
Unidade monetária oficial de diversos países, sendo o dólar americano (USD) o mais famoso e utilizado globalmente. O termo tem origem na moeda de prata europeia conhecida como táler (thaler), que foi amplamente usada no comércio internacional desde o século XVI.
O dólar espanhol, também chamado de peça de oito (real de a ocho), foi uma das moedas mais importantes do comércio global antes da ascensão do dólar moderno.

Dracma
O dracma foi a principal moeda da Grécia Antiga, cunhada em prata, e amplamente utilizada entre os séculos VI a.C. e III d.C.
Seu peso e valor variavam conforme a cidade-estado emissora, mas foi uma das moedas mais influentes do mundo antigo, sendo a base para sistemas monetários de várias civilizações, incluindo os persas e os romanos.
Em sua forma moderna, foi a moeda da Grécia de 1832 até 2002, quando foi definitivamente substituída pelo Euro.
Drapeado
O drapeado é um detalhe artístico encontrado em muitas moedas, especialmente naquelas que retratam figuras humanas, como monarcas, deuses ou personagens históricos. Ele se refere ao efeito das dobras e caimentos das vestimentas esculpidas na moeda, imitando o tecido de mantos, togas ou túnicas.
Quanto mais detalhado e realista o drapeado, mais refinado é o trabalho do gravador.
Ducado
O ducado foi uma moeda de ouro bastante valorizada, cunhada em Veneza a partir do século XIII e posteriormente adotada por diversos estados europeus. Tornou-se um padrão de comércio devido à sua pureza e confiabilidade, sendo aceito nas transações internacionais.
O florim húngaro e o ducado austríaco foram algumas das versões mais conhecidas dessa moeda.
Electrum
Liga natural de ouro e prata, encontrada em jazidas minerais e utilizada desde a Antiguidade. Civilizações como os gregos antigos (na Lídia) cunharam moedas de electrum antes mesmo do surgimento da padronização da cunhagem com ouro puro.
O tom dourado pálido desse material varia dependendo da proporção de ouro e prata na liga, tornando-a um material altamente valorizado e histórico na numismática.

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Ensaio
O termo ensaio se refere a moedas ou medalhas experimentais, produzidas para testar novos designs, materiais ou processos de cunhagem antes da produção em larga escala. Algumas dessas peças nunca entram em circulação e se tornam extremamente raras e valiosas para colecionadores.
Erro
Erros de cunhagem são falhas que ocorrem durante a fabricação de uma moeda, tornando-a única e, em muitos casos, altamente valorizada por colecionadores. Esses erros podem incluir desalinhamento do cunho, falhas de impressão, dupla batida, ausência de detalhes, metais trocados e outros defeitos incomuns.
Normalmente as moedas com erro valem muito mais do que suas versões corretas, pois são raras e cobiçadas dentro do meio numismático.
Escala Sheldon
A Escala Sheldon é um sistema de classificação usado principalmente nos Estados Unidos para avaliar o estado de conservação das moedas. Criada pelo Dr. William Sheldon em 1949, ela vai de 1 a 70, sendo 1 para moedas muito gastas e 70 para moedas em estado perfeito, sem qualquer marca de manuseio (*Mint State – MS 70*).
Esse sistema é amplamente utilizado em serviços de certificação numismática.
Espécie (Specimen)
Na numismática, a palavra espécie (specimen) pode ter diferentes significados. Ele pode se referir a moedas ou cédulas criadas exclusivamente para demonstração, como amostras enviadas a bancos e governos antes da produção em massa.
No caso de cédulas, um specimen geralmente vem com inscrições ou perfurações indicando que não possui valor de circulação, sendo um item de interesse para colecionadores.
Estado Emissor
O estado emissor de uma moeda refere-se à autoridade governamental ou ao país que a emitiu oficialmente. No Brasil, por exemplo, o Banco Central e a Casa da Moeda do Brasil são os órgãos responsáveis pela emissão de moedas e cédulas.
Já em países com múltiplas casas da moeda, como os Estados Unidos e a Alemanha, diferentes estados emissores podem ser identificados por marcas de cunhagem específicas.
Exergo
O exergo é a parte inferior de uma moeda ou medalha, geralmente separada por uma linha do restante do design. É nesse espaço que se encontram informações como o ano de emissão, a marca da casa da moeda ou inscrições adicionais que complementam o desenho principal.
Falsificação
A falsificação de moedas e cédulas ocorre quando peças ilegítimas são produzidas para enganar colecionadores ou circular como dinheiro real. No mundo numismático, falsificações podem incluir desde moedas modernas feitas para enganar o comércio, até réplicas de moedas raras, destinadas ao mercado colecionista.
Métodos avançados de autenticação, como testes metalúrgicos e certificação em slab, ajudam a evitar e detectar fraudes.
Fantasia
Uma moeda fantasia é uma peça fabricada sem curso legal, muitas vezes criada como item promocional, lembrança ou homenagem.
Diferente das moedas falsas, que tentam imitar peças legítimas, as moedas de fantasia não têm intenção de enganar e geralmente são vendidas para colecionadores como souvenirs.
FDC (Flor de Cunho)
Estado máximo de conservação de uma moeda, com qualidade excepcionalmente alta. A moeda nunca circulou e mantém seu brilho original, sem desgastes, amassados ou marcas significativas. Moedas nesse estado são altamente valorizadas por colecionadores.
Follis
Moeda de bronze introduzida pelo Império Romano no final do século III d.C., durante as reformas monetárias do imperador Diocleciano. Originalmente, tinha um fino revestimento de prata, mas com o tempo sua qualidade se deteriorou, tornando-se uma moeda predominantemente de bronze.
Foi amplamente usada no Império Bizantino, até ser substituída por outras denominações ao longo da história.
Grau de Conservação
Classificação que avalia o estado físico de uma moeda, considerando fatores como desgaste, brilho original, marcas de manuseio e nitidez dos relevos. Quanto melhor o estado da peça, maior seu valor para colecionadores. No Brasil, as classificações mais comuns são:
- BC (Bem Conservada) – Desgaste significativo.
- MBC (Muito Bem Conservada) – Marcas de uso, mas detalhes ainda visíveis.
- SOB (Soberba) – Pouco desgaste, brilho parcial.
- FDC (Flor de Cunho) – Sem circulação, com brilho original intacto.
Nos Estados Unidos, a Escala Sheldon (1 a 70) é utilizada para uma avaliação ainda mais precisa.
Gravador
Artista responsável por projetar os desenhos e relevos que aparecem em uma moeda ou medalha. Muitos gravadores famosos, como Benedetto Pistrucci (criador do design de São Jorge e o dragão na moeda britânica) e Augustin Dupré (responsável pelo franco francês do século XVIII), deixaram um grande legado artístico e técnico na numismática.
Gravadores ilustres de moedas brasileiras incluem Christian Lüster, Zeferino Ferrez, Calmon Barreto, Leopoldo Alves de Campos e Arlindo Bastos, entre muitos outros.
Hoard (Tesouro)
A palavra hoard significa um grande conjunto de moedas armazenado, enterrado ou acumulado ao longo do tempo, geralmente encontrado em escavações arqueológicas ou escondido por razões de segurança em períodos de guerra e crise.
Alguns dos mais famosos hoards da história incluem tesouros romanos enterrados antes de invasões e grandes depósitos de moedas de prata e ouro preservados em navios naufragados.

Incuso
Uma moeda ou medalha é dita incusa quando apresenta um detalhe gravado em baixo relevo ou quando a impressão de um lado fica levemente marcada no outro devido a falhas na cunhagem.
Às vezes as moedas incusas são resultado de erros de fabricação, enquanto outras são intencionais, como algumas raras moedas com letras incusas nas bordas.
ISO 4217
Norma internacional que define códigos de três letras para moedas e divisas utilizadas globalmente. Foi criada pela Organização Internacional para Padronização (ISO) para padronizar a identificação de moedas em transações financeiras internacionais.
Por exemplo, o real brasileiro é identificado pelo código BRL, o dólar americano como USD, o euro como EUR e a prata (commodity) como XAG. Esse sistema evita confusões entre moedas de países diferentes que possam ter nomes semelhantes. Criptomoedas não possuem código ISO 4217.
Joachimstal
O nome Joachimstal tem grande importância na história da numismática, pois é um local da atual República Tcheca onde, no século XVI, foram cunhadas as famosas moedas de prata chamadas Joachimsthaler.
Essas moedas foram precursoras do termo “dólar”, pois o nome (abreviado) thaler foi posteriormente adotado para diversas moedas europeias e inspirou a denominação do dólar moderno.
KM#
Ver Referência KM#
Krause
O termo Krause geralmente faz referência a Chester Krause, numismata e fundador da Krause Publications, responsável pela publicação de catálogos numismáticos bastante utilizados, como o Standard Catalog of World Coins e o Standard Catalog of World Paper Money.
Esses livros são considerados a principal referência mundial para a identificação, precificação e estudo de moedas e cédulas.
Latão
O latão é uma liga metálica composta principalmente de cobre e zinco, com coloração amarelada semelhante ao ouro. Essa liga é bastante utilizada na cunhagem de moedas, especialmente para substituir metais preciosos em moedas de circulação.
Laureado
Uma moeda laureada é aquela que apresenta a figura de uma pessoa (geralmente um monarca ou governante) com uma coroa de louros na cabeça. Esse estilo tem origem na Roma Antiga e foi usado ao longo da história como símbolo de glória e vitória.
Um exemplo moderno é o primeiro retrato da Rainha da Inglaterra, Elizabeth II, que foi usado em moedas do Reino Unido de 1953 a 1967.
Legenda
A legenda é o conjunto de inscrições que aparecem em uma moeda, podendo estar no anverso, no reverso ou ao longo da borda. As legendas normalmente contém o nome do país, o lema nacional, a denominação ou homenagens a figuras históricas, locais importantes, fauna e flora do lugar, entre outras.
Leilão
O leilão numismático é um dos principais meios de comercialização de moedas raras e cédulas valiosas. Os leilões podem ocorrer presencialmente ou online, organizados por casas especializadas ou vendedores independentes.
Os lances podem ser feitos em tempo real ou serem previamente cadastrados (“lance externo”), e o valor final pode variar dependendo do interesse dos colecionadores e investidores.
Liga
Combinação de dois ou mais metais, geralmente para criar um material mais forte e resistente à corrosão ou com características de cor e brilho desejados. Exemplos de ligas utilizadas na fabricação de moedas incluem o bronze, cupro-níquel, aço inoxidável, ouro nórdico, bronze de alumínio e prata esterlina.
Lingote
Barra de metal precioso, como ouro, prata ou platina, fundida para armazenamento e investimento. Diferente das moedas, os lingotes não possuem valor nominal e seu preço é determinado pelo peso e pela cotação do metal no mercado.
Muitos investidores preferem lingotes a moedas bullion devido à menor taxa de fabricação.

Imagem: Museu Numismático Herculano Pires, no Itaú Cultural
Marca da Casa da Moeda
A marca da Casa da Moeda (Mint Mark) é um pequeno símbolo ou sigla que identifica o local onde a moeda foi fabricada. Cada país pode ter múltiplas casas da moeda, e essas marcas ajudam colecionadores a identificar a origem da peça.
Por exemplo, moedas dos Estados Unidos do tipo Morgan Silver Dollar podem ter marcas de casas da moeda como “CC” para casa da moeda de Carson City, “S” para São Francisco, “O” para New Orleans e “D” para Denver. Para estas mesmas moedas, a ausência da marca monetária indica cunhagem na Filadélfia.

Matriz
A matriz, também chamada de die em inglês, é o molde metálico utilizado para gravar os desenhos e inscrições nas moedas. Durante a cunhagem, a matriz pressiona o planchet com enorme força, transferindo os detalhes para o metal.
Quando uma matriz apresenta falhas ou desgastes, pode resultar em variações e erros de cunhagem, que muitas vezes se tornam objetos de estudo e interesse numismático.
MBC (Muito Bem Conservada)
Moeda que apresenta sinais evidentes de circulação, mas com menos desgaste do que a classificação BC. Os detalhes da moeda ainda estão bem visíveis, mas sem o brilho original.
Metal Base
Metais comuns usados na cunhagem de moedas, em contraste com metais preciosos como ouro e prata. Entre os metais base mais utilizados estão cobre, níquel, alumínio, ferro e zinco.
Com o passar do tempo, moedas feitas de ouro e prata foram sendo substituídas por metais base, tornando a produção mais barata e acessível.
Moeda
Objeto metálico cunhado ou moldado que representa um valor monetário e serve como meio de troca em um sistema econômico. As primeiras moedas ocidentais surgiram por volta de 600 a.C. na Lídia (atual Turquia) e rapidamente se espalharam pelo mundo antigo.
Diferente do escambo, as moedas facilitam as transações comerciais, pois padronizam valores e permitem a acumulação de riqueza. Além de sua função econômica, as moedas também carregam símbolos culturais, políticos e históricos, sendo um dos principais objetos de estudo da numismática.
Moeda bimetálica
Moedas bimetálicas são aquelas que combinam dois metais diferentes, geralmente um núcleo central e um anel externo, fundidos ou prensados juntos durante a cunhagem. Esse tipo de moeda se tornou comum em diversas nações, pois além do visual diferenciado, oferece maior segurança contra falsificações.
Um exemplo clássico é a moeda de 1 real do Brasil, com um núcleo de aço inoxidável e um anel de aço revestido de bronze.

Moeda colorizada
Peça que recebeu aplicação de tinta especial ou verniz colorido sobre seu design original, geralmente em edições comemorativas. Embora algumas moedas sejam oficialmente emitidas já com cores, muitas vezes esse processo é feito por empresas privadas ou colecionadores, alterando a estética da peça sem modificar sua cunhagem.
Moeda Comemorativa
Moeda especial cunhada para marcar um evento, figura histórica ou ocasião importante. Essas moedas podem ser feitas tanto para circulação comum quanto para colecionadores, geralmente apresentando designs exclusivos e edições limitadas.
Um exemplo são as moedas de 1 real dos Jogos Olímpicos Rio 2016, que homenagearam diversas modalidades esportivas e símbolos nacionais.

Moeda de cerco (ou de sítio)
Tipo especial de moeda cunhada e utilizada em situações de guerra ou cercos militares, quando uma cidade ou fortaleza ficava isolada e sem acesso ao sistema monetário regular. Nessas circunstâncias, os governantes ou líderes locais precisavam criar uma solução temporária para manter a economia funcionando dentro da área sitiada, resultando na emissão de moedas improvisadas.
Também conhecidas como moedas obsidionais, essas moedas eram frequentemente produzidas com materiais alternativos, como prata, cobre, estanho, chumbo e até papel ou couro, dependendo dos recursos disponíveis. Muitas vezes, objetos de valor, como talheres e joias, eram derretidos para a fabricação dessas moedas.
Exemplos históricos incluem as moedas de cerco de Pernambuco, que foram emitidas entre 1645 e 1646, durante a Insurreição Pernambucana, quando os portugueses cercaram os holandeses no Recife, durante a luta para expulsá-los do Brasil. Com a escassez de moedas circulantes dentro do território controlado pelos holandeses, o governo da Companhia das Índias Ocidentais (WIC) ordenou a cunhagem de moedas improvisadas em prata e ouro, utilizando materiais disponíveis, como talheres e objetos derretidos.

São peças altamente valorizadas na numismática, tanto por sua raridade quanto pelo contexto dramático em que foram criadas.
Moedas Cash
As moedas cash foram moedas tradicionais da China, utilizadas por mais de dois mil anos, desde a dinastia Qin (221 a.C.) até o início do século XX. Elas eram geralmente circulares com um furo quadrado no centro, permitindo que fossem amarradas em feixes para facilitar o transporte.
Feitas de bronze, latão ou ferro, essas moedas foram um dos sistemas monetários mais duradouros da história e influenciaram moedas de outros países asiáticos, como Japão, Coreia e Vietnã.
Moedas Espada
As moedas espada eram um tipo de dinheiro metálico usado na China Antiga, especialmente durante o Período dos Estados Combatentes (475–221 a.C.). Elas tinham o formato de pequenas espadas ou punhais, refletindo o simbolismo militar da época.
Assim como as moedas faca, eram usadas antes da padronização das moedas cash e representam um dos formatos mais curiosos da história monetária chinesa.

Moedas Faca
As moedas faca foram uma forma de dinheiro metálico usada na China Antiga, com um formato alongado que lembrava uma lâmina ou adaga. Foram bastante empregadas entre os séculos VII e III a.C., antes da unificação da moeda chinesa sob o imperador Qin Shi Huang, que criou a moeda denominada banliang (半兩).
Embora não fossem afiadas como armas, seu formato simbolizava o poder militar e a riqueza, sendo frequentemente encontradas em sítios arqueológicos chineses.
Moedas fundidas
Moedas produzidas ao despejar metal em um molde. Esse método foi usado para as primeiras moedas de bronze da Roma Antiga e moedas chinesas “cash”, mas raramente é usado hoje. Moedas falsificadas modernas geralmente são fundidas.
Moneyer
Profissional responsável pela cunhagem de moedas em épocas antigas e medievais. Durante o Império Romano e na Idade Média, moneyers eram artesãos especializados que supervisionavam a produção monetária e, muitas vezes, marcavam suas iniciais nas moedas que cunhavam.
Moneyers famosos na Roma Antiga incluem Caecilius Metellus, Q. Lutatius Catulus e A. Terentius Varro, entre outros.
Não-circulante
Uma moeda não-circulante (ou NCLT – Non Circulating Legal Tender) é uma moeda oficial de um país que possui curso legal, mas que não foi emitida para circulação diária. Elas são produzidas principalmente para colecionadores e investidores, geralmente em metais preciosos ou com acabamentos especiais, como as edições proof.
Mesmo tendo valor facial, essas moedas raramente são usadas como meio de pagamento.

Numismática
A numismática é o estudo e a coleção de moedas, medalhas, cédulas e outros objetos monetários, abrangendo aspectos históricos, artísticos, econômicos e culturais.
Mais do que um simples hobby, a numismática tem um papel importante na preservação da história e no entendimento da evolução dos sistemas monetários ao longo dos séculos.
Numismata
O numismata é a pessoa que estuda, coleciona ou comercializa moedas, medalhas e cédulas. Um numismata pode ter interesse histórico, científico ou financeiro na numismática, dedicando-se à pesquisa de diferentes épocas e regiões, identificando raridades e avaliando o valor de peças específicas.
Alguns numismatas se concentram em períodos específicos, como o Brasil Império ou moedas do Império Romano, enquanto outros colecionam peças do mundo inteiro.

Obsidional
Uma moeda obsidional é uma moeda de cerco, cunhada em situações extremas, como guerras ou cercos militares, quando o suprimento regular de dinheiro se tornava inacessível. Essas moedas eram feitas de materiais improvisados, como bronze, estanho, chumbo e até papel, sendo utilizadas temporariamente para manter a economia dentro da cidade ou fortaleza sitiada.
No Brasil, um exemplo são as moedas de cerco de Pernambuco (1645-1646), cunhadas pelos holandeses durante a Insurreição Pernambucana (guerra de Portugal contra o Brasil Holandês).
Onça Troy
Unidade de medida mais utilizada para pesar metais preciosos, equivalente a 31,1035 gramas. O sistema troy surgiu na Idade Média, na cidade de Troyes, na França, e ainda hoje é usado para determinar o preço de ouro, prata e platina no mercado global.
Ouro Nórdico
O Ouro Nórdico é uma liga metálica desenvolvida na Finlândia, composta por 89% de cobre, 5% de alumínio, 5% de zinco e 1% de estanho, utilizada na fabricação de moedas modernas que possuem coloração bastante semelhante ao ouro. Trata-se de um tipo de bronze de alumínio.
Apesar do nome, essa liga não contém ouro verdadeiro, mas foi adotada em diversas moedas europeias, incluindo as moedas de 10, 20 e 50 centavos de euro, devido à sua beleza, resistência à corrosão e facilidade de cunhagem.
Pátina
A pátina é a camada de oxidação que se forma naturalmente na superfície de uma moeda ao longo do tempo. Ela pode apresentar colorações variadas, como verde, azul, marrom ou dourado, dependendo do metal e das condições de armazenamento.
Em moedas antigas, a pátina é altamente valorizada, pois indica autenticidade e conservação adequada.
Ver também Tom.
Peça de Oito
A Peça de Oito (“Real de a Ocho”) foi uma moeda de prata espanhola amplamente usada entre os séculos XVI e XIX, tornando-se uma das moedas mais influentes da história. Cunhada a partir da prata extraída das Américas, especialmente de Potosí (Bolívia), valia 8 reais espanhóis e serviu como referência para diversas moedas modernas, incluindo o dólar americano.
Era tão confiável que foi utilizada como moeda global em rotas comerciais da Europa, Ásia e América. Frequentemente associada a histórias de piratas, a Peça de Oito era cortada em frações para facilitar o troco, dando origem à expressão “pieces of eight”.
Peso
O peso de uma moeda é a sua massa, geralmente expressa em gramas. Essa característica é fundamental na numismática, pois o peso pode indicar o metal usado na cunhagem e até denunciar falsificações. Em moedas antigas de ouro e prata, o peso era um fator determinante para o valor da moeda, pois estava diretamente ligado ao seu teor metálico e ao seu poder de compra.
Moedas fabricadas com metais preciosos para colecionadores e investimento, na atualidade, podem ter seu peso expresso em onças troy, sendo que uma onça troy equivale a aproximadamente 31,1g.
Piedfort
Pronunciada “piéfór”, uma moeda piedfort é uma moeda cunhada em um planchet (disco) que é mais grosso do que o normal, normalmente duas vezes mais espesso.
Planchet
Disco metálico que será transformado em moeda após passar pelo processo de cunhagem. O termo é frequentemente usado como sinônimo de blank, embora algumas definições considerem que o planchet já tenha passado por algumas etapas de preparação antes da cunhagem final.
Potosí
Potosí foi uma das maiores fontes de prata do Império Espanhol, localizada na atual Bolívia. Descoberta em 1545, a mina do Cerro Rico de Potosí tornou-se a principal fornecedora de prata para a Espanha, abastecendo o comércio global por mais de dois séculos.
As moedas de prata cunhadas em Potosí eram altamente valorizadas e circularam amplamente, inclusive no Brasil e no resto das colônias espanholas. O nome Potosí se tornou sinônimo de riqueza, originando a expressão espanhola “vale um Potosí”, usada até hoje para descrever algo de grande valor.

Prata Baixa
A expressão prata baixa refere-se a ligas de prata com um teor reduzido do metal precioso, misturado com uma maior quantidade de cobre ou outros metais. Diferente da prata esterlina (92,5%) ou da prata 900, que têm altos teores de prata, a prata baixa contém uma porcentagem inferior, tornando a liga mais resistente, porém com menor brilho e valor comercial.
Moedas e medalhas feitas com prata baixa são comuns em períodos de escassez de metais preciosos, como durante guerras ou crises econômicas.
Preço Spot
Valor atual de mercado de um metal precioso, como ouro, prata ou platina, para compra e venda imediata. Esse preço é determinado com base na oferta e demanda global e é atualizado constantemente nos mercados financeiros.
No mundo numismático, o preço spot é um dos fatores que influenciam o valor de moedas bullion, que são muitas vezes negociadas pelo peso do metal em vez de seu valor numismático.
Prensa
Máquina empregada no processo de cunhagem para imprimir os desenhos e inscrições em uma moeda. Com o avanço da tecnologia, as prensas evoluíram de métodos manuais para sistemas industriais automatizados, capazes de produzir milhares de moedas por minuto.
Algumas prensas históricas, como as prensas a vapor do século XIX, são itens de interesse para colecionadores e museus numismáticos.
Proof
A classificação proof se refere a moedas produzidas com um alto padrão de qualidade, utilizando técnicas especiais de polimento do cunho e do disco metálico antes da cunhagem.
O resultado são moedas com detalhes extremamente nítidos, brilho espelhado e, muitas vezes, o efeito cameo. São moedas de alto padrão voltadas para colecionadores e não destinadas à circulação comum.
Proto-moeda
Formas primitivas de dinheiro utilizadas antes da invenção das moedas propriamente ditas. Esses objetos tinham valor reconhecido em trocas comerciais, mas ainda não eram padronizados nem emitidos por uma autoridade central.
Exemplos incluem conchas, lingotes de metais, grãos de cevada, pedaços de electrum (liga natural de ouro e prata) e até ferramentas metálicas, como as moedas faca chinesas.
As proto-moedas representam a transição entre o escambo e o sistema monetário estruturado, sendo essenciais para a evolução do dinheiro como conhecemos hoje.
Prova
O termo prova pode ter diferentes significados na numismática. Ele pode se referir a um exemplar de teste de uma moeda antes de sua produção em larga escala, muitas vezes usado para ajustes de design ou avaliação de qualidade.
Também pode ser usado para designar exemplares experimentais, como moedas que nunca chegaram a ser lançadas oficialmente. As moedas prova costumam trazer palavra “PROVA” inscrita no anverso ou reverso (ou essa mesma palavra no idioma da moeda, como PROVE em inglês).

Referência KM#
A referência KM# (Krause-Mishler Number) é um sistema de catalogação de moedas utilizado internacionalmente, criado pelos numismatas Chester Krause e Clifford Mishler. Esse número é atribuído a cada moeda listada no Standard Catalog of World Coins, facilitando a identificação e padronização de moedas do mundo todo.
O sistema organiza as moedas por país, período e características, sendo globalmente utilizado por colecionadores e comerciantes.
Relevo
O relevo de uma moeda refere-se à altura dos elementos gravados em relação ao plano de fundo. O relevo pode ser alto (quando as figuras se destacam mais) ou baixo (quando a impressão é mais sutil). A qualidade do relevo impacta a durabilidade da moeda, sua estética e, muitas vezes, sua raridade.
Algumas moedas são cunhadas com efeito proof ou cameo, que realçam o contraste entre o relevo e o fundo espelhado.
Reverso
O reverso é o lado oposto ao anverso da moeda. Em algumas emissões, esse lado apresenta o valor nominal (valor da moeda), elementos decorativos ou símbolos específicos relacionados ao tema da moeda.
Em séries comemorativas, o reverso muitas vezes exibe artes exclusivas representando eventos ou personagens históricos. É a “coroa” da moeda.

Senhoriagem
Lucro obtido pelo governo ou pela Casa da Moeda ao emitir moeda, resultante da diferença entre o custo de produção e o valor nominal da moeda. Se fabricar uma moeda de 1 real custa apenas 10 centavos, o governo obtém uma senhoriagem de 90 centavos por unidade.
A senhoriagem pode ser negativa – ou seja, dar prejuízo ao Governo – caso o custo de produção de uma moeda seja maior que seu valor nominal. Neste caso, ou a moeda passa a ser fabricada com materiais mais baratos, ou deixa de ser emitida por completo, como ocorreu com a moeda de 1 centavo de Real do brasil e com a moeda de 1 cent (penny) dos Estados Unidos, descontinuada por Donald Trump em 2025.
Sestércio
O sestércio (em latim, sestertius) foi uma moeda da Roma Antiga, originalmente feita de prata no período republicano, mas que passou a ser cunhada em bronze / latão durante o Império Romano.
De grande tamanho e alto relevo, era largamente usada no comércio e tinha grande importância na economia romana. Seu nome deriva da expressão latina “semis-tertius”, significando dois e meio, pois valia 2,5 asses (plural de As, outra moeda romana de bronze).
Slab
O slab é uma cápsula rígida de acrílico, geralmente retangular, utilizada para armazenar e proteger moedas certificadas por empresas de autenticação, como PCGS e NGC.
Essas cápsulas lacradas incluem uma etiqueta com informações sobre a moeda, seu grau de conservação e um número de série. O encapsulamento em slab garante a preservação da peça e costuma aumentar seu valor no mercado de colecionismo.
SNB (Sociedade Numismática Brasileira)
A SNB – Sociedade Numismática Brasileira é a principal entidade numismática do Brasil, fundada em 1924. A organização tem como objetivo promover o estudo e a divulgação da numismática no país, reunindo colecionadores, pesquisadores e comerciantes do ramo.
A sociedade publica materiais especializados, organiza encontros numismáticos e mantém um acervo histórico de moedas e cédulas. Seu trabalho é fundamental para preservar e difundir o conhecimento sobre a numismática brasileira.
SOB (Soberba)
Classificação de moeda pouco circulada, com desgaste mínimo e grande parte dos detalhes preservados. Pode ter perdido parte do brilho original, mas mantém um aspecto muito próximo ao da cunhagem.
Solidus
Moeda de ouro introduzida pelo imperador Constantino, o Grande, no início do século IV d.C., substituindo o Aureus. Foi uma moeda bastante duradoura e se tornou o padrão do comércio no Império Bizantino por quase mil anos. Seu peso era cerca de 4,5 gramas de ouro puro, e sua influência foi tão grande que inspirou a criação de moedas posteriores, como o dinar islâmico e o florim medieval.

Standard Catalog of World Coins
Coleção de catálogos numismáticos publicados pela Krause Publications, pertencente à editora Penguin Random House, que contém uma listagem detalhada de moedas emitidas em todo o mundo desde o século XVII até os dias atuais.
O catálogo é organizado por país e período, inclui informações como KM# (referência Krause-Mishler), metais, peso, tiragem e valores estimados. É muito utilizado por colecionadores, comerciantes e estudiosos para identificação e precificação de moedas.
Standard Catalog of World Paper Money
Catálogo numismático publicado pela Krause Publications, especializado na listagem de cédulas emitidas globalmente desde o século XIV até os dias atuais.
O catálogo é organizado por país e período, inclui informações como datas de emissão, valores faciais, assinaturas, elementos de segurança, numeração e preços estimados. Utilizado por colecionadores, comerciantes e estudiosos para identificação e avaliação de cédulas.
Tiragem
A tiragem é a quantidade total de moedas produzidas de um determinado tipo, ano ou série. Uma tiragem baixa pode tornar uma moeda mais rara e valiosa, enquanto uma tiragem muito alta (na casa dos milhões de unidades) tende a reduzir seu valor para colecionadores.
Token (Ficha)
Um token ou ficha é um objeto semelhante a uma moeda, mas que não tem curso legal e é usado em sistemas privados ou fechados de pagamento, como transporte público, cassinos, máquinas automáticas e clubes privados.
Alguns tokens são altamente colecionáveis e têm valor histórico, especialmente os usados no século XIX e início do século XX.
Tom
A película superficial causada pela oxidação, geralmente verde ou marrom, encontrada principalmente em moedas antigas de prata, cobre ou bronze. Também conhecida como ‘Pátina’, essa característica pode realçar os detalhes em moedas de prata e, portanto, aumentar sua procura. Veja também Pátina.
Valor Facial
O valor facial de uma moeda é o valor impresso nela pelo governo emissor, representando seu poder de compra dentro do sistema monetário oficial.
Por exemplo, uma moeda de 1 real tem esse valor facial, independentemente do material ou do interesse numismático. No entanto, algumas moedas comemorativas ou bullion podem ter um valor de mercado muito superior ao seu valor facial, devido à raridade ou ao metal precioso utilizado. Neste caso falamos em Valor Nominal (ver verbete a seguir)
Valor Nominal
O valor nominal de uma moeda é o valor impresso nela, ou seja, o montante que ela representa oficialmente em circulação. Por exemplo, uma moeda de 1 real tem esse valor nominal, independentemente do material ou do interesse numismático. No entanto, algumas moedas podem valer muito mais para colecionadores devido à sua raridade, material de fabricação, idade ou erros de cunhagem.
Por exemplo, moedas de 5 Reais comemorativas das Olimpíadas do Rio 2016 valem muito mais do que apenas R$ 5,00, por conta de sua escassez e por serem cunhadas em prata.
Conclusão
Neste artigo vimos um pequeno glossário numismático, contendo os principais termos e jargões utilizados na ciência e colecionismo de moedas. Muito outros termos existem, com maior ou menor especialização, porém os termos apresentados aqui são suficientes para entender o básico da Numismática.