Guia Completo do LCI e LCA para iniciantes

Investimentos em Renda Fixa são muito populares entre investidores, principalmente os mais conservadores e que desejem manter seu patrimônio protegido da inflação, obtendo ganhos previsíveis ao longo do tempo. Vários instrumentos financeiros existem nessa modalidade de investimentos, e dois deles são bem interessantes por conta de suas características: a LCI e LCA, ativos distintos mas aparentados.

Neste artigo vamos entender o que é uma LCI e o que é uma LCA, suas diferenças, vantagens e desvantagens de investir nesses ativos, como é feita sua remuneração (como eles pagam rendimentos), riscos e taxas associados a eles.

Vamos ao nosso guia de LCI e LCA.

O que são LCI e LCA?

LCI, que significa Letra de Crédito Imobiliário e LCA, que significa Letra de Crédito do Agronegócio, são investimentos da categoria Renda Fixa que possuem uma característica em comum muito vantajosa em relação a outros tipos de investimentos: são isentos de imposto de renda (IR).

Tanto a LCI quanto a LCA funcionam de forma mais ou menos similar a um CDB: o investidor que adquire esses papéis está emprestando dinheiro para uma instituição financeira, em troca do recebimento de juros como forma de remuneração, por um prazo específico.

Qual a diferença entre a LCI e a LCA?

Para o investidor, basicamente não há diferença entre investir em LCI ou LCA. Ambas são títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras no Brasil que, apesar de parecidos, possuem diferenças importantes.. A principal diferença é como cada um deles é lastreado.

As LCIs são lastreadas em uma carteira de empréstimos do setor imobiliário (daí “crédito imobiliário”), geralmente lançadas por bancos ou outra instituições financeiras, como companhias hipotecárias que necessitem de recursos. Ou seja, as LCIs são voltadas para o setor imobiliário, ou seja, os recursos captados com a emissão desses títulos são destinados ao financiamento de operações do mercado imobiliário, como compra e venda de imóveis, construção, entre outros.

As LCAs são lastreadas em empréstimos que são concedidos ao agronegócio (“crédito do agronegócio”), como cooperativas ou produtores rurais individuais, para financiamento de qualquer parte da cadeia produtiva do agro. Assim, a LCA é direcionada ao agronegócio, e os recursos captados são utilizados para financiar atividades do setor agrícola, como plantio, colheita, produção e exportação de produtos agropecuários.

O que é Lastro?

Dá-se o nome de “lastro” a um ativo ou conjunto de ativos que serve como garantia para uma moeda, título ou outro tipo de obrigação financeira. O conceito de lastro está relacionado à ideia de que o valor de algo pode ser sustentado ou respaldado por algo de valor tangível.

Aqui, lastro se refere a ativos que garantem a emissão de títulos. Um exemplo são os títulos hipotecários, que são lastreados por hipotecas sobre imóveis. Nesse caso, o valor dos títulos está ligado aos pagamentos das hipotecas subjacentes.

Historicamente, muitas moedas eram lastreadas por metais preciosos, como ouro e a prata. Ou seja, o valor da moeda era garantido por uma quantidade específica de ouro ou prata que o governo ou os bancos mantinham em reserva. O padrão-ouro era um sistema em que o valor da moeda de um país estava diretamente vinculado a uma quantidade fixa de ouro.

Como é a remuneração das LCIs e LCAs

Tanto as LCIs quanto as LCAs seguem um modelo de remuneração bem parecido com o de outros ativos de renda fixa, podendo tanto ser pré-fixados quanto pós-fixados ou ainda híbridos (atrelados a algum índice).

Uma letra pré-fixada possui uma taxa de juros definida no momento da aplicação em si, e dessa forma é possível saber exatamente quanto se vai receber ao resgatar o papel, ou em seu vencimento.

Já uma letra pós-fixada se baseia em algum indicador para determinar a taxa de juros a usar na remuneração, a qual na verdade só será efetivamente conhecida posteriormente. Por exemplo, uma LCI pós-fixada pode usar como indicador a taxa do CDI, que é bastante comum.
Assim podemos encontrar no mercado LCIs que pagam 93% do CDI, o que significa que o investidor receberá 93% do valor que o CDI render no período (anual).

Finalmente, um papel híbrido é aquele que possui um componente pré-fixado somado a um componente que é um índice, a parte pós-fixada. Um exemplo muito comum é o de papéis que pagam uma taxa fixa mais a taxa do IPCA (variação da inflação), por exemplo uma LCA que remunere com IPCA + 4% a.a..

Liquidez e Carência

As LCIs e LCAs possuem boa liquidez, porém inferior a outros títulos de renda fixa, como os CDBs, e caso o investidor necessite resgatar seus recursos antes do prazo de vencimento, pode ter alguma dificuldade no processo ou ainda incorrer em algum prejuízo financeiro.

Além disso, esses papéis possuem algo chamado de Prazo de Carência, que nada mais é que um período de investimento mínimo obrigatório (determinado pelo CMN – Conselho Monetário Nacional). Por exemplo, as LCIs possuem carência de 12 meses atualmente e as LCAs, carência de 9 meses, o que significa que não é possível resgatar esses papéis antes de findos esses prazos.

Passado o prazo de carência, aso o investidor deseje ou necessite, ele pode se desfazer dos papéis e resgatar seu dinheiro. Porém, nesse caso pode haver dificuldade em vender os títulos e também existe a possibilidade de se perder a rentabilidade acumulada até então; isso vai depender de fatores como a liquidez do papel em si e a forma com a qual a remuneração é calculada: diária ou somente no resgate.

Esses detalhes todos são especificados para cada papel no momento da compra, o que ajuda o investidor a decidir o que fazer.

Existe risco ao investir em LCI e LCA?

Obviamente que sim – tudo carrega um certo nível de risco. Porém as LCIs e LCAs são garantidas pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), até o valor de R$ 250.000,00 por CPF/Instituição com limite total de R$ 1 milhão, o que diminui de certa forma o investimento nesse tipo de papel – ao menos até o limite do FGC.

Como sempre, para diminuir os riscos associados aos investimentos a recomendação é diversificar, nunca colocando todos os seus recursos em um único ativo ou mesmo em uma única classe de investimentos.

Impostos e Taxas nas LCIs e LCAs

Como citado no início do artigo, as LCIs e LCAs são sentas de Imposto de Renda, e sendo assim, a rentabilidade acordada ao realizar o investimento já é a rentabilidade final para o investidor.

Essa é uma boa vantagem em relação a outros papéis, como CDBs, que seguem uma tabela regressiva de IR, na qual as alíquotas vão diminuindo dependendo do tempo em que o investimento é mantido, chegando a um mínimo de 15% após cerca de dois anos de aplicação.

Ainda assim, as LCIs e LCAs estão sujeitas à taxas de custódia ou corretagem por parte das corretoras – mas não de todas; algumas isentam os investidores dessas taxas também.

Como investir em LCI e LCA

Investir em LCI e LCA é bastante simples. Para tal, basta abrir uma conta em uma corretora de sua preferência, enviar a quantia de dinheiro que você deseja investir, acessar a página de renda fixa do site da corretora (ou falar com um analista) e então escolher o título que você deseja investir. Bem simples.

Para a escolha do título em si você deve levar em consideração alguns parâmetros, como a rentabilidade e os prazos para poder resgatar o seu dinheiro.

Também é importante considerar o rating da instituição ou banco do qual você irá comprar o LCI ou LCA, para ter uma noção se é uma instituição idônea e sólida ou existe algum risco de quebra ou se carrega algum outro tipo de risco.

Se instituição bancária não tiver um rating associado, eu recomendo não comprar o ativo nela, e procurar uma outra instituição que tenha ao menos um rating BBB ou A-, pois se trata de uma instituição considerada um pouco mais segura (lembre-se de que tanto as LCIs quanto as LCAs possuem proteção do FGC)

Eu mesmo tenho alguns investimentos em LCI, e esses investimentos tem uma rentabilidade satisfatória para mim, para o que eu desejo fazer com esse dinheiro no futuro.

Conclusão

Tanto a LCI quanto a LCA são ativos populares no mundo da renda fixa, que podem ser usados para agregar diversificação a um portfólio de investimentos, trazendo uma remuneração previsível, com retorno razoável, e isentas do imposto de renda para o investidor. Além disso, são relativamente seguras, pois contam com proteção do FGC além de apresentar baixo risco em si, sendo uma boa opção para investidores mais conservadores ou que desejem ter uma parte de seu capital aplicado em ativos para manter seu poder de compra.

Perguntas e Respostas

LCI e LCA tem FGC?

Sim, tanto as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) quanto as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) são protegidas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Essa proteção cobre até R$ 250.000 por CPF ou CNPJ, por instituição financeira, em caso de falência ou intervenção da instituição emissora.

Quanto rendem R$ 1000,00 aplicados em uma LCI pré-fixada de 11% a.a.?

Se forem aplicados R$ 1000,00 em uma LCI pré-fixada que pague 11% ao ano, ao final do período de um ano, o montante será de R$ 1110,00. Ou seja, o rendimento será de R$ 110,00.

Se o valor for mantido por períodos mais longos o valor do rendimento se acumula, por conta do regime de juros compostos. Por exemplo, para períodos de 2, 5 e 10 anos, o valor acumulado será o seguinte:

1. Após 2 anos: R$ 1.232,10
2. Após 5 anos: R$ 1.685,06
3. Após 10 anos: R$ 2.839,42

Esses valores representam o montante acumulado, incluindo o principal investido e os juros compostos ao longo do tempo, que serão integralmente resgatados, pois LCIs são isentas de Imposto de Renda (por enquanto).

LCI e LCA pagam Imposto de Renda?

Tanto a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) quanto a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) são investimentos isentos de Imposto de Renda (IR) para pessoas físicas no Brasil. Isso significa que o rendimento obtido com esses títulos não é tributado, o que torna esses produtos financeiros atrativos para investidores mais conservadores, especialmente aqueles em busca de investimentos com maior rentabilidade líquida.

Essa isenção faz parte de uma política do governo para estimular o investimento nos setores imobiliário e do agronegócio. Além da isenção de IR, LCIs e LCAs também são protegidas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até o limite de R$ 250.000 por instituição financeira, por CPF.