Investimentos

O que é um CDB?

Como investir em CDB

Uma das formas mais tradicionais de “investimento” usada no Brasil é a famosa Caderneta de Poupança, opção bastante conservadora oferecida por bancos variados. Trata-se de uma opção de baixo risco para quem deseja guardar dinheiro e ter acesso a ele a qualquer momento, com facilidade. Além disso, é possível guardar dinheiro na poupança aplicando qualquer valor disponível – é possível depositar 1 real que seja, se o poupador assim o quiser. Uma boa opção para quem está começando e tem muito pouco capital para investir.

Porém, sua rentabilidade costuma ser muito baixa: em geral, é uma das piores formas de se rentabilizar o dinheiro, só ganhando, a meu ver, do dinheiro alocado em títulos de capitalização (que muitas vezes são uma grande furada) e guardado em contas de FGTS (e às vezes nem isso).

Por conta disso, há um tempo resolvi procurar outras alternativas de renda fixa com baixo risco e rentabilidade superior à da poupança, justamente para guardar dinheiro que pretendo utilizar mais adiante (daqui a alguns anos) para a aquisição de um novo imóvel para moradia própria. Pesquisando, encontrei diversas opções, incluindo LCI e LCA, LH, Debêntures, Tesouro Direto e várias outras, além da opção que é o assunto deste artigo: o CDB.

Sendo assim, neste artigo, abordarei com detalhes como funciona o investimento em CDB, explicando desde seus tipos até os riscos e vantagens, e fornecendo informações interessantes para quem deseja conhecer essa opção de investimento.

Eu, particularmente, tenho investido em CDBs variados, possuindo em carteira títulos de todos os tipos que serão citados a seguir, com bons resultados sendo obtidos.

O que é o CDB

O CDB, sigla para Certificado de Depósito Bancário, é um tipo de investimento de renda fixa oferecido por instituições financeiras aqui no Brasil, como bancos. Funciona como uma forma de captação de recursos para os bancos, nos quais os investidores emprestam dinheiro para a instituição financeira em troca do pagamento de juros ao longo de um período determinado.

Ou seja, é basicamente o inverso do que normalmente ocorre: em vez de nós pegarmos dinheiro emprestado com um banco, um banco é que toma dinheiro emprestado de nós, nos remunerando por isso.

CDB (Shutterstock – Royalty Free)
CDB (Shutterstock – Royalty Free)

Como funciona o CDB?

A dinâmica de funcionamento do CDB é a seguinte:

  1. Investimento: O investidor escolhe, dente as inúmeras opções disponíveis, um CDB oferecido por um banco, por um prazo e taxa determinados, e aplica uma quantia em dinheiro. Esse valor é considerado um empréstimo ao banco por parte do investidor.
  1. Prazo e Rentabilidade: O CDB possui um prazo de vencimento preestabelecido, que pode variar de alguns meses a vários anos. Durante esse período, o investidor recebe uma remuneração sob a forma de juros, que pode ser pré ou pós-fixada. No caso de juros pré-fixados, a taxa é determinada no momento da aplicação, e o investidor sabe de antemão exatamente quanto vai receber no final do período; já nos pós-fixados, a remuneração está atrelada a um índice, frequentemente à taxa CDI (Certificado de Depósito Interbancário) ou ao IPCA, e o investidor só saberá com exatidão quanto receberá ao resgatar o dinheiro.
  1. Garantias: O CDB é considerado um investimento de baixo risco, pois conta com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para aplicações de até R$ 250.000,00 por CPF e por instituição financeira. Em caso de falência da instituição emissora do CDB, o FGC garante ao investidor a devolução do capital investido até esse limite estabelecido.
  1. Liquidez: A liquidez do CDB pode variar conforme o prazo escolhido pelo investidor. CDBs com prazos mais longos geralmente oferecem taxas de juros mais atrativas, mas podem ter menor liquidez, o que significa que o investidor pode ter que esperar até o vencimento para resgatar o dinheiro sem perder parte dos rendimentos. Eu já tive de resgatar um CDB antes do vencimento por necessidade financeira, e acabei tendo prejuízo com a operação. Recomendo sempre deixar o dinheiro aplicado até o vencimento.
O que é um CDB - Certificado de Depósito bancário
O CDB é uma forma tradicional de investimento em Renda Fixa.

Quais são os tipos de CDB?

Existem dois tipos principais de CDBs disponíveis no mercado, que diferem entre si pela forma como a taxa de remuneração é definida e aplicada. São eles:

  • CDB Pré-fixado: Neste tipo, a taxa de juros é definida no momento da aplicação, proporcionando ao investidor maior previsibilidade sobre os rendimentos.
    Por exemplo, podemos ter um CDB que pague uma taxa de 11,75% ao ano, sendo essa taxa fixa por todo o período desde o momento da aplicação até seu vencimento.
  • CDB Pós-fixado: Aqui, a remuneração está atrelada a um índice, normalmente a taxa CDI (Certificado de Depósito Interbancário) ou ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Os rendimentos irão variar de acordo com a performance desses indicadores.
    Por exemplo, um CDB pode pagar uma taxa de 120% do CDI (antes dos impostos).
  • CDB Híbrido: Um CDB pós-fixado com um componente pré-fixado embutido, combinando assim elementos de ambos os tipos. Neste caso, uma parte da taxa é fixa, enquanto a outra segue um índice de mercado. Geralmente é considerado com sendo simplesmente um CDB pós-fixado.
    Como exemplo, um CDB pode pagar uma taxa do tipo CDI + 2,5% ou IPCA + 5,8%, ou seja, uma parte pós-fixada (atrelada ao CDI e ao IPCA nos exemplos), e uma parte fixa (2,5% e 5,8% nos exemplos).

Qual a diferença entre CDB e Poupança?

Ambos são aplicações de renda fixa de baixo risco. As principais diferenças entre CDB e Poupança residem na rentabilidade e no prazo da aplicação.

Enquanto a poupança tem rendimento fixo (TR + 0,5% ao mês), o CDB oferece possibilidades de ganhos mais atrativos, especialmente os pós-fixados ou híbridos, que rendem de acordo com o desempenho de indicadores econômicos.

Mas é preciso ficar atento às taxas pagas pelas instituições financeiras, e ao prazo de aplicação do CDB, pois sobre ele incide imposto de renda (regressivo), que pode diminuir significativamente os ganhos dependendo do tempo e tipo do CDB.

Mas, afinal, quanto rende um CDB?

A rentabilidade do CDB irá variar de acordo com o tipo e prazo escolhido. Como citado acima, os CDBs pré-fixados oferecem uma taxa fixa, enquanto os pós-fixados são atrelados a índices de mercado.

Mas é muito comum que os CDBs tenham rentabilidade maior que a poupança, principalmente os de prazo mais longo (mais de dois anos) e, claro, os com taxas mais elevadas. CDBs com taxas de 110% do CDI e acima são boas pedidas para quem deseja migrar da poupança para aplicações seguras e um pouco mais rentáveis.

Porém, é preciso cuidado: às vezes surgem títulos com rentabilidade muito elevada, como por exemplo 160 ou 200% do CDI, e nesses casos é precisa ficar de olhos abertos – geralmente se tratam de títulos emitidos por bancos pequenos, ou em dificuldades financeiras, que estão precisando muito captar recursos, e dessa maneira deve-se pesquisar antes a saúde financeira e a existência de problemas de qualquer tipo com a instituição, para não correr riscos (como por exemplo de quebra do banco emissor).

A diversificação de investimentos é uma estratégia comum, e o CDB pode ser parte de uma carteira de investimentos equilibrada, oferecendo retornos previsíveis e, em muitos casos, uma forma segura de preservar o capital.

Cédulas de real

Vale a pena investir em CDB?

Sim, investir em CDB para mim é uma opção atraente para quem busca rentabilidade superior à poupança, especialmente se considerarmos o cenário econômico atual e as taxas de juros (claro que isso pode mudar com o tempo).

Contudo, é crucial analisar as condições oferecidas por diferentes instituições e comparar com outras opções de investimento disponíveis no mercado.

Atualmente, por exemplo, possuo CDBs de instituições como Banco BMG, NBC Bank, Banco Master, Pernambucanas Financiadora, Banco C6 e outros, com taxas variando de 119% a 126% do CDI (pós-fixados) e de 12% a 14,80% a.a. (pré-fixados). Foram adquiridos nos últimos semestres, já não é comum encontrar novos títulos com essas taxas, que considero muito boas para esse tipo de aplicação.

Vantagens do CDB

A aplicação em CDBs traz diversas vantagens para o investidor, como por exemplo:

  • Rentabilidade Atrativa: Em comparação com a poupança, o CDB tende a oferecer retornos mais interessantes.
  • Diversificação: Permite a diversificação de uma carteira de investimentos, o que traz maior segurança ao nosso patrimônio.
  • Garantia do FGC: Investimentos de até R$ 250.000,00 por CPF e por instituição financeira contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), sendo considerados de baixo risco.

Quais são os riscos de investir em CDB?

Apesar de serem considerados investimentos bastante seguros, os CDBs podem apresentar alguns riscos específicos, oriundos da natureza desse tipo de aplicação, como por exemplo:

  • Risco de Crédito: Há o risco de a instituição financeira não cumprir com suas obrigações. Como vimos, a garantia do FGC atenua esse risco, porém é sempre preferível não precisar usar esse mecanismo, pois pode haver burocracia e demora para receber os fundos caso haja algum problema com o banco emissor dos títulos.
  • Risco de Mercado: Em CDBs pós-fixados, a rentabilidade está sujeita a variações em indicadores econômicos, que podem performar de maneira inferior ao esperado. Por exemplo, quando a taxa de juros cai (como vem acontecendo ultimamente), esses títulos acabam retornando uma rentabilidade menor ao investidor.

Quanto pago de imposto de renda ao investir em CDB?

O Imposto de Renda que incide sobre os rendimentos do CDB segue a tabela regressiva. Neste caso, quanto maior o prazo do investimento, menor será a alíquota de IR a pagar no vencimento.

Atualmente, a tabela regressiva de Imposto de Renda para investimentos de renda fixa é a seguinte:

  • Até 180 dias: 22,5%
  • De 181 a 360 dias: 20%
  • De 361 a 720 dias: 17,5%
  • Acima de 720 dias: 15%

Essas alíquotas incidem sobre os rendimentos do investimento no momento do resgate ou vencimento do título. Portanto, sempre que possível é interessante deixar o dinheiro aplicado o maior tempo possível, preferencialmente só resgatando no vencimento do título.

720 dias equivalem a dois anos, e alguns CDBs são emitidos para prazos de até 5 ou mais anos. Eu não recomendaria manter o dinheiro investido por tanto tempo em um título desse tipo, principalmente se a instituição bancária emissora não for um banco de porte e com solidez financeira.

De dois a três anos é o ideal, ao menos para mim, pois dessa forma consigo vantagem tributária (faixa mais baixa do IR) e tenho acesso ao dinheiro em um prazo não tão longo, o que me permitirá realizar outros investimentos ou usá-lo para objetivos variados, como a compra do imóvel supracitado.

Como investir em CDB?

Investir em CDB é um processo relativamente simples. Basta escolher uma instituição financeira, analisar as condições oferecidas, selecionar o tipo de CDB desejado e efetuar a aplicação. Lembre-se sempre de que é muito importante considerar prazos, taxas e comparar ofertas de diferentes instituições para tomar uma decisão informada.

Conclusão

Em suma, o CDB é um instrumento financeiro de renda fixa versátil e acessível para quem deseja diversificar seus investimentos, principalmente para iniciantes e pessoas com perfil mais conservador. Contudo, avaliar cuidadosamente os prós e contras, entender os diferentes tipos de CDB e considerar a sua estratégia financeira são passos essenciais para construir um portfólio de investimentos sólido e alinhado aos nossos objetivos pessoais.

Perguntas e Respostas

O que é Renda Fixa?

Um investimento de renda fixa é uma modalidade na qual o investidor tem maior previsibilidade sobre a rentabilidade que será obtida ao longo do tempo. Isso ocorre porque as condições de remuneração são determinadas no momento da aplicação.

No caso do CDB (Certificado de Depósito Bancário), a taxa de juros pode ser pré-fixada (definida no momento da aplicação) ou pós-fixada (atrelada a um índice, como a taxa CDI). Outros exemplos de investimentos de renda fixa incluem títulos públicos, debêntures, Letras de Crédito (LCI e LCA), entre outros.

Esses investimentos são geralmente considerados mais conservadores em comparação com investimentos de renda variável, proporcionando uma maior previsibilidade de retornos e maior segurança do capital investido.

O que é o FGC (Fundo Garantidor de Créditos)?

FGC é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que tem como objetivo proteger os investidores e poupadores em caso de falência ou liquidação de instituições financeiras. Ele oferece garantia aos investidores de até um determinado valor por CPF e por instituição financeira (atualmente, R$ 250.000,00), limitado a um teto global (R$ 1.000.000,00 a cada período de 4 anos).

No caso do CDB, se o banco emissor entrar em processo de falência, o FGC garante ao investidor o ressarcimento do valor investido, acrescido dos juros, até o limite estabelecido.

É importante notar que nem todos os investimentos são cobertos pelo FGC, e podem existir limites específicos para cada categoria de investimento.

O que significa Liquidez em investimentos?

Liquidez é a facilidade com que um investimento pode ser convertido em dinheiro, ou seja, a rapidez e eficiência com que o investidor pode resgatar seus recursos. No contexto do CDB, a liquidez pode variar de acordo com o prazo escolhido pelo investidor. CDBs com prazos mais curtos geralmente oferecem maior liquidez, permitindo que o investidor resgate o capital investido antes do vencimento.

Por outro lado, CDBs com prazos mais longos podem ter menor liquidez, o que significa que o investidor pode enfrentar restrições ao tentar resgatar o dinheiro antes do vencimento.

A relação entre prazo e liquidez é uma consideração importante para os investidores, pois impacta a acessibilidade aos recursos investidos.

O que é a TR (Taxa Referencial)?

A Taxa Referencial é uma taxa calculada pelo Banco Central do Brasil. Ela foi criada como um indicador para corrigir valores monetários ao longo do tempo, considerando a inflação.

Essa taxa é determinada com base em uma cesta de títulos públicos pré-fixados, as Letras do Tesouro Nacional (LTN). A variação da TR está vinculada ao comportamento desses títulos no mercado.

A rentabilidade da poupança no Brasil é calculada com base na TR (a remuneração básica) e uma taxa fixa de 0,5% ao mês, enquanto a meta da taxa Selic ao ano for superior a 8,5%, ou 70% da meta da taxa Selic, resultando da soma de ambos os valores. É possível consultar as regras e valores de remuneração dos depósitos de poupança, incluindo o valor da remuneração básica, nesta página do Banco Central do Brasil: https://www.bcb.gov.br/estatisticas/remuneradepositospoupanca

 

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