As Partes de uma Moeda: Anatomia das Moedas

Observando uma moeda, é possível notar que ela possui diversas inscrições, imagens e marcações, normalmente em ambos os lados. Cada um desses elementos possui um significado e uma função na moeda, e não estão ali de maneira aleatória.

Para estudar, colecionar e apreciar as moedas de forma satisfatória, é importante conhecer esses elementos – as “partes” da moeda – pois assim será possível identificar e determinar o valor de uma peça com base nesses elementos.

Neste artigo explico quais são as partes de uma moeda, e suas funções.

Anatomia de uma moeda

Para começar, vamos falar dos lados da moeda. Tecnicamente, uma moeda possui três lados (sim, três!), o anverso, o reverso e a borda. Suas funções são as seguintes:

Anverso

Lado frontal da moeda, conhecido popularmente como “cara”. Apresenta o motivo principal da moeda, geralmente trazendo o busto ou efígie de uma personalidade (daí o nome “cara”), como o rosto de um presidente, monarca ou homenageado, além de outros elementos, como imagens de animais, plantas, edifícios, etc..

Reverso

Lado “de trás” da moeda, chamado também de “coroa”, esse lado da moeda traz elementos diversos, geralmente com o valor facial da peça (por exemplo, “1 Real” ou “2 Euro”, e a data.

Borda

Normalmente não é considerado um “lado”, mas de qualquer forma está à parte do anverso e do reverso, e por isso acaba sendo incluído nessa classificação. A borda é a parte lateral da moeda, e é importante pois pode trazer diversos elementos, desde marcas e ranhuras que podem ser decorativas ou elementos de segurança (historicamente para evitar a raspagem de metais preciosos, como a prata e o ouro), até inscrições, marcações diversas e datas, por exemplo.

Outras partes das moedas incluem as seguintes:

Aro

Círculo levemente mais alto ao redor da moeda, que serve como uma borda (não-lateral) tanto no anverso quanto no reverso. Não deve ser confundido com a borda, que é a parte lateral da moeda, por onde ela rola quando lançada em uma mesa, por exemplo.

Vejamos agora as partes que se localizam dentro do anverso e do reverso de uma moeda.

Campo

Área no anverso e reverso onde não há nenhum design em exibição – ou seja, é o “fundo” da moeda. Sobre o campo são colocadas as demais marcações presentes na moeda. Dependendo do modo de fabricação da moeda, o campo pode apresentar aparência distinta, como fosco ou com acabamento “proof” (brilhante).

Relevo

Design da moeda. Imagens ou figuras levantadas em relação ao campo (“em relevo”), que dão à moeda sua aparência característica. Por exemplo, inclui o busto de uma pessoa, ou o desenho de um animal ou ainda de uma construção histórica, em alto-relevo. Algumas moedas na Antiguidade também possuíam marcações em baixo-relevo.

Por exemplo, em relevo na imagem a seguir estão a Bandeira Olímpica e o logotipo dos jogos olímpicos do Rio 2016, presente no anverso da moeda comemorativa de 1 Real emitida em 2012, quando da passagem da bandeira das olimpíadas de Londres (2012) para as olimpíadas do Rio (2016):

Legenda

Ou ainda inscrição: Texto que aparece na moeda, como por exemplo o nome do país, personalidade histórica, ou ainda frases específicas, como “E PLURIBUS UNUM”, em moedas de dólar americano, entre outras.

Na moeda acima, da bandeira olímpica, podemos ler a legenda “ENTREGA DA BANDEIRA OLÍMPICA BRASIL LONDRES 2012 RIO 2016” no anverso da moeda.

Marca de cunhagem

Marcação, geralmente com letras, que indica em qual casa da moeda (ou casa de cunhagem) a peça foi fabricada (cunhada). Por exemplo, em muitas moedas brasileiras da época do Império, haviam marcas que indicavam se a moeda foi cunhada na casa da moeda do Rio de Janeiro, da Bahia ou de Goiás, entre outras. Essa marcação ajuda a identificar o valor da moeda, pois a raridade de uma peça pode variar entre uma casa de cunhagem e outra.

Nem todas as moedas trazem uma marca de cunhagem. Também chamada de “marca de cunhagem” ou “letra monetária”.

A moeda ilustrada a seguir, de 80 Réis do Brasil de 1821 em Prata, traz no reverso a marca monetária “B”, que indica que essa moeda foi cunhada na Casa da Moeda da Bahia (Salvador). Imagem de Heritage Auctions^©.

Data

Elemento autoexplicativo: se trata da data em que a moeda foi fabricada. Também ajuda a determinar o valor da moeda, pois algumas datas podem ser muito raras para a mesma moeda, elevando em muito seu valor numismático.

Denominação

Tipo da moeda conforme determinado pela autoridade monetária da nação que emitiu a moeda. Por exemplo, as moedas no Brasil na atualidade possuem a denominação Real, e as circulantes no Japão, Iene (Yen).

Valor facial

Valor da moeda, na denominação específica, expresso por um número. Por exemplo, podemos ter moedas de 1, 5, 10, 25 e 50 centavos de Real, ou moedas de 1 Real circulantes.

Além disso, também existem moedas cujo valor facial é menor do que o valor do material com o qual foi fabricada: por exemplo, existem moedas comemorativas de 5 e de 10 Reais que na verdade valem até 100 vezes ou ainda mais que isso, por conta do material com que são feitas (prata ou ouro).

Assinatura

São as iniciais do artista, geralmente letras que identificam qual foi o artista que criou o design da moeda em si.

Por exemplo, na moeda a seguir podemos ver a assinatura do artista gravador Leopoldo Campos (CL), tanto no anverso quanto no reverso da moeda de 200 réis comemorativa do Barão de Mauá:

Exergo

Nome dado à uma faixa ou campo geralmente localizado na parte inferior do cunho de uma moeda, onde são gravados elementos como a data de emissão, a marca da casa da moeda ou outras inscrições específicas.

Por exemplo, na moeda a seguir, um Follis do Imperador Romano Constantinus II (316-340), podemos ver no exergo a marcação CONSI, que indica cunhagem na casa da moeda de Constantinopla (atual Istambul, na Turquia).

Referências

• London Mint Office: “The Anatomy of Coins“
• Unied States Mint: “Anatomy of a Coin“